
Fui uma menina criada pelo pai. Sim, meu pai foi peça fundamental na minha infância. Cresci com mãe ausente. Sempre que conto esta parte da minha história, as pessoas ficam admiradas, pois abandono materno não é uma coisa tão comum no Brasil. Pois bem, fui criada por um homem que foi impecável como pai.
O Sr. Antônio, meu pai, era extremamente presente na minha vida (ele era aquele que olhava os cadernos da escola), sempre teve preocupações com o meu futuro e me ensinou valores que carrego comigo até hoje. Com ele, eu me sentia cuidada e protegida.
Já do meu lado materno existia uma mulher, minha mãe, a Sra. Maria, que tinha as limitações dela e que trazia todas as dores do passado dela para a maternidade e para a vida dela presente. A minha mãe era disfuncional e confusa nos posicionamentos dela. Era pesado demais estar com ela, era custoso demais para mim conviver com ela. Mas eu era uma criança e não entendia nada, era somente o afeto ruim e o peso daquilo que me atingia. E hoje percebo o quanto isso me atingiu, me feriu como criança e adolescente e o quanto eu passei a ser reativa, explosiva, fechada, distante e dura comigo mesma por ter que lidar e conviver com um peso que não era meu.
Aqui começou a minha luta por apagar meu lado feminino. Não culpo a minha mãe. Já fiz as pazes com boa parte disso. A minha mãe também, dentro do que ela dá conta de processar, já entendeu que precisa de cura nas suas emoções.
Precisei passar por esta fornalha emocional para hoje ser o que sou e para ter a capacidade e segurança emocional de contar partes da minha história e entender que essa ferida da infância não elaborada teve peso nas decisões que tomei no meu futuro.



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